3.5.07

O GRAMADO - PARTE II


Ainda um pouco tonta, Raquel acorda rodeada de pessoas. “Ela acordou!”. Percebe que sua roupa foi trocada e seus cabelos estão molhados, “demos um banho em você, seu corpo estava cheirando passas ao rum” diz um homem aparentemente jovem. Raquel levanta e nota que esse era um dos jovens que estava com cara de bunda na foto, mas agora sua cara parecia normal. “Posso falar com você um instante? Vi suas fotos com a Ana, e estou curiosa sobre certos assuntos”. Os dois se afastam do resto e iniciam um diálogo. “Naquela viagem, você notou algo de diferente com a Ana? Vocês fizeram algo de diferente?”. O jovem parece intimidado, toca os seio de Raquel, “Ana naqueles dias estava muito esquisita, ficava sempre no banheiro e dava uns urros estranhos. No começo achei que estava usando cocaína, mas depois de algum tempo percebi que o brigadeiro havia feito mal a ela. Sua mala estava cheia de fraldas e papel higiênico, sete rolos para ser mais exato...” nesse momento desloca a mão para a cintura de Raquel, “foi então que eu pedi uma explicação, ela nos mostrou uma fita k7, onde barulhos estranhos estavam gravados nela”. Raquel apalpa a bunda do jovem e percebe uma saliência, como uma fralda. “Depois de ouvirmos a fita, a campainha tocou, o mais engraçado é que no lugar que estávamos não havia campainha, mesmo assim atendemos o interfone e uma voz igual a de um cabrito judeu disse as palavras SETE ROLOS”.
Essas informações bastavam para Raquel entender tudo o que se passava aqui. Sendo ela uma repórter influente, sabia da existência da fita que causava diarréia e desidratação nas pessoas, uma maldição que jamais fora explicada e que aterrorizava jovens curiosos de todo o mundo.
O jovem estendeu a mão para Raquel “aqui está a fita, se você quiser ouvir”. Intimidada pegou a fita e colocou dentro do decote.
No caminho para casa, Raquel refletiu sobre suas crenças. Sendo ela uma atéia cética e burra, não tinha com o que se preocupar. Sabia que essas histórias eram todas invenções de algum jardineiro com cara de fuinha. Provavelmente eles colocaram maconha no brigadeiro e todos deliraram pensando que estavam sendo ameaçados por uma força maior. A caganeira foi iminente.
Ao chegar ao seu apartamento, Raquel colocou a fita para tocar. Excitada com os barulhos bizarros, saca seu vibrador e fez sexo com seu gato persa de cor branca. Ao final da fita, sua campainha tocou. Raquel sente um frio na espinha, mas atende ao interfone “Que.. quem... é?”, “boa noite, aqui é o porteiro...” nesse momento Raquel se sente aliviada, solta um peidinho que afugenta o gato para longe, “... um vulto negro passou aqui e deixou um recado para a senhora, aqui diz SETE ROLOS”. Raquel estremece, bate o interfone com força, sente o estômago pesar, corre para o banheiro, mas já era tarde de mais. Caga em cima do gato persa, agora marrom. O cheiro e o mistério infestam a casa.
Sete rolos, sete rolos...

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