
Sua grande paixão era pegar o lixo e jogar no caminhão que tinha odores estranhos. Desde pequenino, Kronus idealizava seu futuro como lixeiro.
Certo dia, enquanto pegava o lixo do bairro Paraíso IV em Joinville, Kronus viu uma constituição novinha, intacta e lisinha. Deu uma nostalgia danada de boa de seus tempos de estudante. Largou o lixo no chão, pegou a constituição, colocou-a debaixo do braço e caminhou imponente rumo ao sol escaldante e esperançoso. Como era magnífico aquele astro, aquela bola amarela reluzente, como era bacana, como era supimpa, como era mais de mil! Kronus não parecia caminhar, ele marchava, ele desfilava, ele era o centro do universo naquele momento. Não para o motorista do caminhão de lixo, que não viu Kronus andando que nem um retardado, passou por cima, parou, recolheu o lixo (Kronus) do chão e jogou no triturador.
História dedicada a Daniel Teixe.